quinta-feira, maio 28, 2009

A polemica do Google Books

Quem abre o Google Books, página virtual dedicada aos livros do buscador mais usado no mundo, depara-se com a nota: “O Google selou um acordo revolucionário com autores e editoras”. A frase solta está interligada a outra página, dedicada a explicar “o futuro da pesquisa de livros do Google”. Na semana passada, porém, o jornal New York Times anunciou que esse futuro anunciado está em xeque.



O Departamento de Justiça americano, de olho na possível criação de um monopólio livreiro, abriu um inquérito para investigar o tal “acordo revolucionário” – acerto que a empresa está fazendo com editoras e autores para a reprodução de livros ou trechos de livros no Google Books. As investigações teriam partido de protestos de representantes de organizações como a Internet Archive (uma biblioteca virtual sem fins lucrativos que desde 1996 disponibiliza gratuitamente 150 milhões de páginas web) e a Consumer Watchdog (uma das principais organizações de defesa dos consumidores nos Estados Unidos), que se opõem ao acordo.


Quase ao mesmo tempo, o Google divulgava os detalhes de sua mais recente novidade no mundo tecnológico: o registro da patente 750897, que diz respeito a um poderoso scanner. Lançando mão de técnicas como raios infravermelhos, o novo equipamento escaneia textos com velocidade e qualidade muito maiores do que os convencionais, e seria um importante aliado para o projeto da empresa de criar o maior acervo de livros digitais do planeta – para o qual o “acordo revolucionário” é tão importante.

O acordo tem causado polêmica entre editoras e escritores de diferentes países. Além das manifestações de repúdio da Internet Archive e da Consumer Watchdog, a Federação de Editores da Espanha manifestou, recentemente, sua discordância diante da proposta. Na Europa e na América Latina, escritores têm apoiado ou criticado, em seus blogs, a iniciativa do Google. No Peru, o escritor Iván Thays, finalista do Prêmio Herralde de 2008, incitou em seu blog autores do mundo todo a recusarem o acordo com o buscador – isso apesar de ser ele próprio um defensor ferrenho do formato digital de livros.





Fonte: Julian

domingo, novembro 16, 2008

Etica e Deontologia o papel das associações profissionais

ÉTICA E DEONTOLOGIA : O PAPEL DAS ASSOCIAÇÕES
PROFISSIONAIS

Francisca Rasche

Resumo: Trata da ética e da deontologia no âmbito da biblioteconomia. Mostra o
papel das associações no fortalecimento da profissão. Ressalta as associações
profissionais como espaço privilegiado para a reflexão ética e deontológica.
Problematiza sobre a importância da participação dos profissionais bibliotecários
nas entidades representativas da categoria numa perspectiva de construção ética
responsável. Concluí mostrando a importância de um agir ético que se paute no
respeito ao outro e na construção de consenso como forma de minimizar a
tendência de ações individualistas tão difundidas na sociedade atual.

Palavras-chaves: Associações Profissionais; Deontologia – Bibliotecários; Ética Bibliotecários


1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

É possível existir ética profissional sem existir participação dos profissionais
nos órgãos representativos da categoria? Esta pergunta apresenta a problemática
que será abordada neste trabalho. Formulada durante o 1º Encontro de Ética para
Bibliotecários do Estado de São Paulo1 permite algumas considerações sobre o
espaço da discussão ética e deontológica e suas relações com os órgãos
representativos da categoria profissional bibliotecária.

O que é a ética senão uma ação reflexiva em relação à conduta humana? A
partir das concepções apresentadas por Abbagnano (1998) a ética pode ser
considerada a ciência da conduta, como estudo do “ideal para o qual o homem se
dirige” de acordo com sua natureza. De outro lado, o autor situa a ética como o
estudo dos “motivos” ou “causas” da conduta humana ou das “forças” que a
determinam, pretendendo ater-se ao conhecimento dos fatos”(ABBAGNANO,
1998, p. 380).

Partindo destas considerações, a ética profissional pode ser entendida como

o estudo da conduta humana no exercício de uma profissão, seus ideais, motivos e
causas. Inicialmente é importante destacar que a expressão “ética profissional” fere
uma discussão de uma ética de perspectiva igualitária porque atribuí para um grupo
de pessoas, membros de um grupo profissional, uma ética especial em detrimento
dos demais membros da sociedade (TAVARES, 1998). Para tratar da ética
profissional é necessário fazer referência à “deontologia”. Isso porque, deontologia
Rev. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, v.10, n.2, p . 175-188 , jan./dez., 2005


é um termo mais apropriado para a discussão em torno da conduta profissional,
compreendendo-a como um esforço para obter-se uma uniformização da ação dos
membros de uma categoria profissional. Uniformização não no sentido de igualar
as ações, mas sim, de orientar, prescrever, controlar a conduta dos membros da
profissão visando construir uma identidade e por meio desta, tornar-se respeitado e
conhecido pelos demais membros da sociedade. Nas palavras de Souza (2001, p.
55), a realização de um trabalho e a ação de um grupo se dará “como se fosse a
ação de um único indivíduo”.

A princípio a reflexão em torno do comportamento dos membros de uma
categoria profissional tende a acontecer nos diferentes espaços nos quais estes
membros se situam. Se a ética é uma ação reflexiva em torno dos ideais e causas da
conduta humana, portanto, uma ação própria do homem enquanto ser social, ela se
constrói em qualquer tempo e em qualquer lugar. O modo de um determinado
profissional se comportar, independente de como tal comportamento venha a ser
qualificado, se dá com base em certos princípios, a partir de um modo de ver a
realidade, e principalmente, de se ver nesta realidade. Assim, enquanto um ser
humano que sente e pensa, é possível refletir sobre um dado comportamento seus
motivos e complicações individualmente ou em grupo. Porém, considerando que
“ser profissional” implica em situar-se em um determinado contexto, o
comportamento, as implicações e motivos para tal, bem como, as reflexões em
torno do mesmo dizem respeito ao grupo que esse individuo integra. Esta
compreensão tem por base as considerações de Berger e Luckmann (1995)
relativas à construção social da realidade. Para esses autores, a construção da
realidade social se dá em processos de comunicação (uso da linguagem) e interação
do homem em diferentes graus de socialização, familiar, institucional e social de
um modo geral.

O conceito de profissão adotado aqui se reporta a visão sistêmica de
Freidson (1998). De acordo com o autor, uma ocupação organizada se constitui em
uma profissão, a partir de elementos como a expertise (conjunto de conhecimentos,
competências e técnicas especiais), credencialismo (escolas ou colégios que
autorizam a entrada de novos membros no exercício da profissão) e a autonomia
que reflete a capacidade da categoria reinvidicar pra si o poder de controlar arealização e o modo de fazer um determinado tipo de trabalho. É no âmbito da
autonomia que estão as corporações profissionais, associações e sindicatos.

As associações profissionais são entidades representativas dos membros de
uma dada profissão que promovem uma maior interlocução entre seus membros edestes com a sociedade. É nesse sentido que Zamora (2003) destaca que num
tempo de constantes mudanças tecnológicas que interferem nos serviços de
bibliotecas, tanto as associações como os colégios profissionais devem dar
respostas aos códigos de ética. A autora salienta que os mesmos (os códigos),
devem promover um comportamento profissional que corresponda às necessidades
de informação demandadas pela sociedade de acordo com os interesses dessa
sociedade.

A partir destas considerações iniciais, este trabalho procura mostrar como a
discussão ética e deontologica tende a contribuir para o fortalecimento da
profissão, e conseqüentemente de seus membros, e promover um bem maior para a
sociedade como um todo. Nesse sentido, situa o papel das associações profissionais
com ênfase para a realidade biblioteconômica brasileira. Evidência a importância
da efetiva participação dos membros da categoria no processo de fortalecimento da
profissão na sociedade, como forma de construir um agir mais ético. Menciona um
agir ético a partir de uma ética do consenso, de uma ética que respeita o outro, com
base nas abordagens da ética da alteridade e do discurso, visando minimizar a
tendência de uma ação individualista tão difundida na sociedade atual.

2 O DESAFIO ÉTICO

acho que, basicamente, queremos sentir que nossa vida
redundou em algo mais do que consumir produtos e produzir lixo2

O que significa agir eticamente? O que significa fazer o bem sem interesses
pessoais se conforme Singer (2002, p. 319), “somos socializados numa ética de
individualismo e competição”? Qual o sentido da ética em uma sociedade na qual
os valores humanos se perdem no consumo de objetos e de imagens e as relações
cada vez mais, são mediadas já que na cena urbana, o medo da violência convida
para o isolamento?

As coisas se passam de tal forma “que a cada dia ganha-se mais paracomprar cada vez mais aquilo que é cada vez menos necessário” (HERMÓGENES,
2004, p. 279) e com isso é necessário produzir mais, para obter recursos e atender
os desejos da aquisitise moderna. Aquisitese moderna que constituí um cenário no
qual, um sofisticado trabalho é realizado na publicidade visando a criação de novas
necessidades. Se de um lado, “a publicidade manda consumir a economia proíbe
[...]. Este mundo que oferece o banquete a todos e fecha a porta no nariz de tantos,
é ao mesmo tempo igualador e desigual : igualdade nas idéias e nos costumes que
impõe e desigual nas oportunidades que proporciona” (GALEANO, 1999, p. 25).

Imersos no desejo do consumo e voltados para uma vida na qual “ser é ser
útil” (GALEANO, 1999, p. 176) vive-se em uma pretensa normalidade.
Normalidade que é quebrada diante de alguns desafios éticos, que conforme
Herrrero (2000, p. 164) “pela primeira vez na história, a ciência e a técnica estão
dando à atividade humana um raio de ação e um alcance de dimensão planetária”.

Nestes tempos, permanecer numa total aceitação entre o igual e o desigual indica
muito mais o que Chalita (2003) chama de anódina, a anestesia da capacidade de
se impressionar. Isso porque, cotidianamente o cidadão moderno lida, direta ou
indiretamente com questões que envolvem a crise ecológica, a devastação da
natureza, a manipulação genética, a fome e a miséria que ainda matam em grande
escala, a violação do direito à vida em guerras civis e ações terroristas, a
desigualdade que minimiza à dignidade humana dado às disparidades na
distribuição de rende e de riquezas.

Desse modo, o desafio ético dos tempos modernos apresenta questões que
vão desde aquelas que envolvem a natureza e a técnica (desafio tecnológicoecológico)
até questões sociais diante de um mundo globalizado (desafio político)
(HERRERO, 2000).

Neste contexto, ser humano e ser um profissional bibliotecário, nos
aproxima de outras questões éticas também desafiantes. O profissional
bibliotecário se ocupa basicamente do tratamento, armazenamento e
disponibilização de informação, seja em bibliotecas, centros de informação,
ambientes virtuais ou reais, seu objeto é a informação. A informação como tal, é
apresentada em diferentes suportes, possuí natureza diferente em função de seu uso
e seu fluxo, com objetivos que vão desde aqueles de educação, de cultura, de
cidadania, de lazer até aqueles, de pesquisa e desenvolvimento, produção científica
e tecnológica, de negócios, dentre outros. As condições materiais e intelectuais em
torno do acesso à informação têm uma importância vital para os membros da
sociedade contemporânea. Essa noção aparece claramente no conceito de
analfabetismo da Organização das Nações Unidas (ONU), que coloca que “saber
falar”, “saber se expressar”, “saber escrever” está relacionado ao domínio da
linguagem e do idioma como condição para entender sobre seu oficio, e dessa
forma, obter e manter-se em um trabalho (ser um trabalhador produtivo) e de outro
lado, permite entender os próprios direitos e deveres na sociedade, e dessa forma
viver como cidadão (TEIXEIRA FILHO, 2001).

Num aspecto mais específico, relativo ao acesso à informação, do qual
bibliotecários e outros profissionais da informação têm participado, está o
movimento pelo “Acesso Livre ao Conhecimento nas Ciências e Humanidades”.
Dentre as justificativas para tal movimento, consta a perda do controle acadêmico
do sistema de comunicação da ciência em função da sua comercialização
(RODRIGUES, 2004). Tal preocupação é visível em ações como a “Declaração do
Estoril sobre o Acesso à Informação”. Documento do 8º Congresso Nacional de
Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas realizado em 14 de maio de 2004 no
Estoril, Portugal. Na Declaração do Estoril, os bibliotecários, arquivistas e
documentalistas mostram uma preocupação e assumem posição em relação ao
acesso à produção científica, especialmente em Portugal, questionando as margens
de lucro dos grupos editoriais que distribuem periódicos científicos no país. A  
referida declaração subscreve outros documentos que integram esse movimento,
sendo, a Declaração da “Budapest Open Access Initiative” declarada e assinada em
outubro de 2003, em Berlin durante a Open Acess Conference; a “Declaration on
Access to research data from public funding", resultante da reunião do Comitê para
a política científica e tecnológica da Organização para a Cooperação e o
Desenvolvimento Econômico (OCDE), de 30 de Janeiro de 2004, em Paris; e a
Declaração da International Federation of Library Associations and Institutions
(IFLA) sobre “Open Access to Scholarly Literature and Research Documentation”
de fevereiro de 2004.

No que diz respeito a questões éticas que têm preocupado bibliotecários e
outros profissionais da informação, o direito de acesso à informação tem sido
constantemente referenciado. Isso ganha ênfase a partir das observações de Pérez
Pulido (2002) que destaca que a base que fundamenta os códigos de ética dos
bibliotecários e outros profissionais da informação é a “Declaração Universal dos
Direitos Humanos”, com especial atenção aos artigos que tratam da liberdade
intelectual, da privacidade e confidencialidade, da propriedade intelectual, da
educação, cultura e desenvolvimento da personalidade.

No Brasil, recentemente foi elaborado e publicado o “Manifesto das
Bibliotecas da Amazônia”, durante o I Encontro de Bibliotecas da Amazônia,
realizado de 5 a 9 de maio de 2004 em Manaus. Assinado por bibliotecários (as),
educadores (as), gestores de instituições culturais públicas e privadas, estudantes,
profissionais e trabalhadores (as) da leitura. Os signatários se manifestam em
relação à função social da biblioteca e reportando-se ao “Manifesto sobre
Bibliotecas Públicas da UNESCO”. Tecem recomendações para: orçamento e
finanças; metas de qualidade; metas para construção da cidadania; metas de
aprendizagem permanente; e metas de desenvolvimento socioeconômico,
biodiversidade e diversidade cultural. No Manifesto em questão, a biblioteca é
colocada como uma instituição social imprescindível para o desenvolvimento
integral e sustentável da sociedade. Partindo dessa premissa inicial, a valorização
das pessoas e das comunidades às quais serve, conforme trata o documento, deve
ser pautada na valorização do compromisso ético. O texto reafirma que qualquer
ação da Biblioteca deve assegurar o benefício das comunidades usuárias de forma
ampla e irrestrita.

Mas, que implicações se apresentam na concretude do cotidiano das
bibliotecas em relação a busca de um acesso igualitário à informação? Qual a
capacidade de bibliotecários e outros profissionais da informação de interferir em
aspectos econômicos e políticos relativos aos sistemas de comunicação científica e
de acesso à informação? Como pautar a ação profissional com base em princípios
que fundamentam documentos como a “Declaração Universal dos Direitos
Humanos”? Percebe-se que tais questões envolvem uma complexidade de
elementos, o que torna mais complexa a busca de respostas para um  
comportamento que possa ser qualificado como ético. Nesta seara encontram-se
muito mais perguntas do que respostas. Mas isso é um indicativo de que a ética é
uma construção, de que as respostas, se existirem, deverão ser construídas, e ainda
assim, poderão ser refutadas sob o olhar minucioso e crítico do humano senciente e
pensante.

Na busca de respostas para um agir ético, atualmente se encontram
difundidas correntes filosóficas que buscam soluções para questões éticascontemporâneas. É o caso da ética da responsabilidade, quando pensar no futuro
das próximas gerações e do meio ambiente é um imperativo (PIVATTO, 2000).

De outro lado, abordagens como a de Emmanuel Levinas, de uma ética da
alteridade, traz presente o rosto do outro, o encontro com o outro (GIACOIA
JUNIOR, 2000). Esta proposta prevê a construção de uma ética a partir do
encontro com o outro, numa relação responsável. Nesta abordagem da ética, são
questionados conceitos em que se propõe quebrar o individualismo a partir do
respeito e do reconhecimento do outro. Como mostra Giacoia Junior (2000) a ética
da alteridade vai se realizar a partir da relação face-a-face destituída de
preconceitos e conceitos que tornam o outro um objeto e inundam as relações interpessoas
de mecanismos de exercício de poder.

Reconhecer o outro como um sujeito de direitos, é a base da “Declaração
Universal dos Direitos Humanos” proclamada em 1948 em Assembléia da ONU na
época composta por 48 países. Este conceito serve como base para a realização de
uma ética do discurso (DIAS, 1994). Na ética do discurso ganha espaço o conceito
de ação comunicativa, desenvolvido por Habermas, quando a participação
discursiva é um imperativo ético (HERRERO, 2000). Aqui é preciso estar
informado para poder participar discursivamente, ter garantido a liberdade de
expressão e assim construir soluções éticas pelo busca do consenso.

Embora algumas vezes a ética é muito mais invocada para preservar a si
próprio, para proteger-se, do que propriamente para tratar de pensar uma
construção ética que respeita o outro, que promove o bem maior para todos, é a
partir da consciência da própria ética como a possibilidade de participar das
soluções para os desafios morais, que há a possibilidade de se construir um agir
mais responsável. Então o desafio não é tornar a ética um lugar-comum, mas sim,
compreender a sua amplitude, para buscar e participar de soluções que sejam
menos destrutivas, mais conscientes, é mudar a visão de sua própria existência
enquanto ser humano. Singer (2000) coloca que uma abordagem ética da vida
altera nosso sentido de prioridades, o que leva a uma reflexão sobre o próprio
sentido da vida. Olhar para si, para os próprios ideais, para os motivos que nos
conduzem será uma constante, assim como, olhar para o entorno e se colocar como
um participante é se colocar numa perspectiva de construção ética.



3 A DEONTOLOGIA

A deontologia e a ética profissional servem de um lado, para controlar a
ação dos membros de um grupo profissional e, de outro lado, para orientar sua
conduta, colaborando para a formação de um grupo que se identifica e é
identificado por um modo de agir. Assim a sustentação de uma profissão depende
do conjunto de seus membros, dado, a conduta de cada um.

A deontologia diz respeito aos “deveres específicos do agir humano no
campo profissional”, e a dicologia, trata do “estudo dos direitos que a pessoa tem
ao exercer suas atividades” (CAMARGO, 1999, p. 32). Algumas vezes, a
deontologia aparece institucionalizada em códigos de conduta, códigos de
princípios, mas geralmente, nos chamados códigos de ética profissional. Tais
códigos podem ser proclamados e votados em assembléias de profissionais (no
âmbito das associações) ou lavrados por lei (no âmbito dos conselhos ou colégios),
como é o caso do “Código de Ética do Bibliotecário Brasileiro” (ZAMORA, 2003).

McGarry (1999) ressalta que a validade da ética profissional reside no papel
que a pessoa desempenha e na confiança depositada no “profissional”, que ganha
ênfase em sociedades tecnologicamente complexas nas quais, a aplicação de
conhecimento por especialistas tende a aumentar. Além disso, a conduta ética
profissional envolve os interesses do grupo, com base no interesse em garantir a
sobrevivência de cada um, os interesses de realização pessoal obtida por meio do
exercício profissional adequado, no sentido tanto de preservar, como de enobrecer
a si e à profissão. Esse contexto confere as discussões de ética profissional, uma
carga ideológica (FREIDSON, 1998). Para Souza (2001) tal carga ideológica,
reflete os interesses dos membros de uma profissão limitando as discussões éticas e
deontologicas em função, principalmente do modelo econômico vigente.

A ética compreende os fundamentos dos códigos deontológicos ou éticos
porque estuda e reflete a conduta. Tais códigos refletem o contexto de constituição
da própria profissão, o modo como ela se organiza como ela se situa em dada
sociedade, como seus membros se relacionam entre si e com os usuários de seus
serviços. Cabe citar aqui, que Souza (2001) destaca a existência de códigos
deontológicos e de códigos com conteúdos éticos. O autor mostra como o “Código
de Ética do Bibliotecário Brasileiro” e “Chileno” constituem propostas de
deontologia, enquanto o “Código dos Bibliotecários Norte-Americanos” apresenta
um texto com conteúdo mais voltado a ética.

Uma análise comparativa de códigos de ética de bibliotecários e outros
profissionais da informação, realizada por Pérez Pulido (2002), classifica os
códigos em quatro tipos: aspiracionais (enumeram princípios básicos);
educacionais (oferecem um conhecimento dos valores da profissão por meio de
comentários e interpretações); disciplinários (relacionam deveres baseados em
normas sob supervisão de comitês com a função de aplicar normas e sanções); e  
por fim, os códigos mistos (englobam mais de uma das tipologias citadas).
Compreender essas diferentes formas de tratar a ética exigiria um aprofundamento
da constituição da biblioteconomia em diferentes países, analisando tanto o
contexto de cada nação, bem como, elementos que interferem na organização da
própria profissão.

Para a discussão proposta neste texto, vale notar que diante destas
categorizações, têm-se que o “Código de Ética do Bibliotecário Brasileiro” é
qualificado como disciplinar (PÉREZ PULIDO, 2002) e com conteúdos
propriamente deontológicos (SOUZA, 2001).

No Brasil, a institucionalização da ética bibliotecária começa a ganhar forma
nos anos sessenta, quando é apresentada a proposta de implantação de um “Código
de Ética do Bibliotecário Brasileiro” no III Congresso Brasileiro de
Biblioteconomia e Documentação (CBBD) (CASTRO, 2000). Tal Código foi
aprovado a partir de consulta às associações locais e escolas de biblioteconomia em
plenária em 1963 no IV CBBD. A proposta inicial foi apresentada por Lauro
Russo, sendo que durante a IV edição do CBBD, Volene Cardim, da Associação
Pernambucana de Bibliotecários, apresentou uma proposta de criação de uma
disciplina nos cursos de biblioteconomia que tratasse da ética profissional, como
mostra Castro (2000). A proposta evidenciava uma preocupação com princípios
morais da profissão bibliotecária, sua relação com autoridades, colegas, instituições
e principalmente com o público. Conforme Castro (2000) a proposta foi polêmica,
sendo aderida somente pelos cursos de Biblioteconomia das cidades paulistas de
Campinas e São Carlos.

O “Código de Ética do Bibliotecário Brasileiro” tem origem no âmbito da
Federação Brasileira das Associações de Bibliotecários (FEBAB), mas passa aos
auspícios do Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB) sofrendo as primeiras
alterações em 1966 (CASTRO, 2000). É no âmbito do Conselho (colégio) que o
Código ganha força de lei, com uma preocupação maior, de controlar o exercício
ilegal da profissão. Conforme trabalho recente, após 15 anos de criação, o “Código
de Ética do Bibliotecário Brasileiro” já passou por quatro reformulações
(CUARTAS, 2002).

Em uma sociedade “tecnológica complexa”, como diz McGarry (1999), ocaráter legal do “Código de Ética do Bibliotecário Brasileiro” faz jus às constantes
necessidades de reformulação, dado que às condições materiais e culturais
humanas estão em constante mudança, o que implica em desafios morais, também
mutáveis.


4 AS ASSOCIAÇÕES PROFISSIONAIS

Qual o papel das associações profissionais em uma sociedade na qual parece
imperar a lógica da competitividade e do individualismo? Conforme Freidson
(1998) a partir do momento em que um grupo de pessoas que realizam um mesmo
tipo de trabalho passa a formar um grupo, este se incorpora num empreendimento
organizado e com isso, é imerso num contexto, social, político e econômico.

As corporações profissionais integram um quadro de elementos que
configuram uma ocupação organizada. Conforme Freidson (1998), são as
corporações que vão, mais diretamente, buscar negociar com consumidores de seu
trabalho (o Estado, por exemplo), organizar instituições de recrutamento,
treinamento e colocação de empregados num mercado. Em outros termos, as
corporações profissionais vão buscar a mobilidade ascendente de seus membros,
melhores salários, melhoria das condições de trabalho, significando autonomia por
meio do esforço coletivo, representado pela ação das entidades (HOVEKAMP,
1997).

Dentre as corporações profissionais estão as associações e os sindicatos. As
associações colocam em primeiro lugar a autonomia e independência no trabalho,
enquanto os sindicatos evidenciam os benefícios privados de seus membros
(ALEXANDRE, 1980 apud HOVEKAMP, 1997). Conforme Hovekamp (1997),
dentre os objetivos centrais das associações, está a ênfase nos bens públicos. Tal
ênfase é um modo de melhorar a imagem da profissão mostrando o valor e
importância dos seus membros para a sociedade em função da aplicação de seus
conhecimentos e habilidades especiais. Para a autora citada, na área da
biblioteconomia, no que diz respeito ao chamado “bem público” se tratam de
questões como, acesso à informação, liberdade intelectual, direitos autorais,
instrução, conhecimento e avanço tecnológico. Essas questões compreendem,
como já mencionado anteriormente, os fundamentos dos códigos de ética dos
profissionais bibliotecários e outros profissionais da informação, conforme Pérez
Pulido (2002).

Além disso, as associações buscam promover uma interação entre seus
membros estabelecendo uma unidade cultural da profissão, institucionalizando
códigos de contatos, padrões educacionais e de desempenho, a defesa de mudanças
e inovações (HOVEKAMP, 1997). As associações estimulam seus membros a
participar de comunidades, painéis, atividades de força-tarefa e grupos de estudo a
partir de características comuns de seus membros (GALASKIEWICZ, 1985 apud
HOVEKAMP, 1997).

Quando uma ocupação alcança a chamada autonomia, com maior
capacidade de controlar a realização e o modo de fazer um tipo de trabalho, de
controlar inclusive a oferta de trabalho que entra no mercado e a procura do
mesmo, existem maiores condições para o desenvolvimento de uma ética que  
favoreça a manutenção e o fortalecimento do grupo e da profissão (FREIDSON,
1998). Freidson (1998) trata da relação entre a realização de uma ética e o papel
das corporações no espaço da autonomia. Essa relação se verifica, principalmente,
quando há um abrigo de mercado, torna-se atrativo e viável, para os membros da
sociedade, investir tempo e dinheiro em um treinamento para posteriormente
aplicar os conhecimentos obtidos por um longo período de tempo, colaborando
para que a ocupação escolhida torne-se um “interesse central de vida” (DUBIN et
al, 1976 apud FREIDSON, 1998, p. 128). Esse contexto leva para a formação de
uma identidade dos membros da ocupação, permitindo a formação de uma
“comunidade ocupacional” (SALAMAN, 1974 apud FREIDSON, 1998, p. 128).
Colocando em outros termos, quando um indivíduo busca uma profissão, na qual
investirá um tempo para sua formação, e posteriormente terá condições de
desenvolver um trabalho que lhe traga sustentação financeira é facilitado o
processo de comprometimento com a realização do trabalho, bem como, a
solidariedade na ação do grupo.

Moreira e Rego (2004) mostram que a origem das ordens, como dos
engenheiros e advogados, pode ser vista na Idade Média. Os autores colocam que
diferentes evidencias levam a crer que as afinidades naturais de uma profissão
levaram oficiais a estabelecer pactos de assistência mútua (na velhice, na doença,
na invalidez, na pobreza e em outras condições na quais havia uma fragilidade de
um oficial) e de defesa comum, o que tem levado possivelmente ao nascimento das
primeiras autoridades corporativas. Nesse meio, de defesa e assistência,
aconteciam também, jantares de confraternização, laços religiosos eram comuns,
tanto que as diferentes corporações elegiam um santo padroeiro.

Os autores supra-citados destacam uma diferença entre espírito corporativo
e interesses corporativos. Moreira e Rego (2004) salientam que não se trata de
excluir os interesses, mas sim de promover o respeito de regras e princípios que
colaborem para organizar a vida em sociedade, dado que a função das corporações
incluí não só a regulação e controle do exercício profissional, mas também, o
exercício responsável da profissão e sua função social. Reforçando as
considerações dos autores, embora as associações profissionais sejam um espaço
minado de interesses, nelas ocorrem laços de solidariedade, de ajuda mútua, de
cooperação e de defesa de causas sociais, o que tende a beneficiar não apenas os
profissionais, mas a sociedade de um modo geral.

5 A PARTICIPAÇÃO DO PROFISSIONAL

Por que participar das associações? A visibilidade da profissão depende da
ação das associações? Há uma relação entre a pouca visibilidade de uma profissão
e os salários pagos a seus membros? Qual é o efetivo envolvimento dos  
profissionais em educação continuada, em trabalho cooperativo, com publicação de
textos que relatam experiências de trabalho, bem como, experiências reflexivas ou
teóricas (científicas) ou quaisquer outras ações que colaborem para o
fortalecimento do grupo?

Ainda que nas ações das associações predomine a defesa do bem público e o
ideal do serviço, o que tem motivado profissionais a integrar as associações têm
sido interesses privados atendidos pelas associações como: disseminação de
informações por meio de revistas, boletins, listas de discussão, eventos
profissionais e cursos (HOVEKAMP, 1997). Conforme mostrou um estudo
realizado na Califórnia com bibliotecários universitários, estes apontaram como
motivos centrais para participação nas associações, trabalho em rede com outras
profissões e assinatura de revistas, que permitem o acompanhamento das
novidades da área (ANDERSON et al, 1992 apud HOVEKAMP, 1997).

Se de um lado, é no espaço associativo que as pessoas vão se encontrar,
trocar idéias, resolver conflitos e encontrar soluções para problemas comuns,
também é nesse ambiente que haverá espaço para a publicação de boletins
informativos, revistas, realização de cursos e eventos permitindo assim a educação
continuada. De outro lado, o comprometimento com a realização de um bom
trabalho, a excelência de conhecimentos, competências e técnicas interferem na
autonomia, reflexo de um grupo em que a ação individual integra a ação do grupo.
Desse modo, as associações não devem ser compreendidas como a ação de um
grupo de representantes, se assim for, as ações serão fragmentadas, a categoria não
será reconhecida por uma identidade forte. É a partir de ações coletivas pautadas na
compreensão do conjunto de elementos que compõe o cenário de uma sociedade
profissionalista.

É muito comum, perceber saídas individualistas para problemas relativos
a questões profissionais. A expressão “cada um faz a sua parte” soa como um
chavão, seja para propagar o voluntariado, seja para justificar a baixa adesão emações coletivas. É lógico, que mesmo em uma ação coletiva, cada um fará uma
parte, a questão é: a parte que um dos membros faz está conectada com o conjunto
ou com o grupo do qual este indivíduo participa ou se identifica? Ela serve para
fortalece-lo ou para fragmenta-lo? Independente da ação ou dos esforços que cada
profissional realiza é importante que essas ações ou esforços sejam ações que
reflitam o pensamento do grupo, o anseio do grupo para que haja uma sintonia de
ações. De outra forma, a saída individual é suicida quando não representa o grupo.

E a ética? Na saída individual a ética também será de imperativo
individualista prejudicando a possibilidade de realização de uma ética que é
construção, que é consciência na ação, que é situar-se no seu contexto, que é
participar, que é objetivar o bem maior de todos.


6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Antes de qualquer busca de uma ética institucionalizada em um código, é
preciso ter clareza do que representa a profissão na sociedade, o que é fazer parte
de um grupo profissional. Sem essa compreensão, de que cada membro constrói a
ação do grupo, não haverá um fortalecimento do próprio grupo, dificultará a
discussão de uma ética. A ética começa na maneira como eu (como membro de um
grupo profissional) me relaciono com o grupo no qual participo e me identifico,
como me relaciono com os usuários dos serviços, como eu vejo a informação na
sociedade, como eu me posiciono em relação aos rumos que os usos e fluxos da
informação vem tomando. Esse se posicionar, pode e deve acontecer a partir de
ações coletivas, por meio de associações profissionais, acadêmicas, voluntariado,
dado que como mostra Souza (2002), em países em que há uma mínima
democracia política ou uma razoável cidadania, coletivos sócio-profissionais
também são governo, mesmo que limitadamente podem exercer sua capacidade de
embate e negociação.

NOTAS

1 Evento realizado na Biblioteca Mário de Andrade promovido pelo Conselho
Regional de Biblioteconomia – 8ª Região – em 4 de setembro de 2004.
2 Trecho de entrevista concedida por Henry Spira à Peter Singer retirada de:
SINGER, Peter. Uma vida significativa. In: Vida ética. Rio de Janeiro: Ediouro,
2002, p. 348-357


REFERÊNCIAS

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ETHICS AND DEONTOLOGY : THE PROFISSIONAL ASSOCIATIONS ROLE
Abstract: It treats about ethics and deontology in a librarianship scope. It shows
the association role in the profession strengthening. It highlights the professional
associations as privileged space for ethical reflection and deontology. It shows the
problem about the importance of the librarian professional participations in
representative class entities in a perspective of responsible ethical construction. It
includes showing the importance in acting ethically in respect to the other and
constructing the consensus as a way to minimize the trend to individualist actions
so spread present society.
Keywords: Librarianship Ethics; Librarianship Deontology; Professional-
Librarian Associations.

Francisca Rasche

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da
Universidade Federal de Santa Catarina – Florianópolis - Brasil
E-mail: franrasche@ced.ufsc.br, fran_rasche@yahoo.com.

Sobre ética e associações de bibliotecários

Rev. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, v.10, n.2, p . 184 175-188 , jan./dez., 2005

Sobre o programa Improving literacy through school libraries, do Depto de Educação USA

No site abaixo, poderemos analisar as politicas publicas americanas para promover a literacia usando as bibliotecas escolares...

http://www.ed.gov/programs/lsl/index.html

O artigo sobre Obama e as bibliotecas está no site abaixo

http://www.seguilaflecha.com/articles_13495_Obama,-la-lectura-y-las-bibliotecas.html

Obama e o compromisso com a Biblioteca Escolar

En el año 2005, cuando todavía era senador demócrata, el Presidente electo de los Estados Unidos, Barack Obama, pronunció un discurso ante la Amercian Library Association, Bound to the word, "vinculado a la palabra", que supone uno de los alegatos políticos más concluyentes y comprometidos en favor de la lectura, la educación pública y las bibliotecas que haya podido leer o escuchar en los últimos años, un análisis perentorio que, despojado de la retórica patriótica o religiosa, obligatoria en norteamérica, aboga por una acción concertada y decidida de los poderes públicos para aminorar mediante la educación en la escuela pública, los programas de alfabetización y la promoción de la lectura y el contacto con los libros las desigualdades sociales que están en la base del fracaso o del éxito escolar, del fracaso o el éxito personal y profesional.


El discurso, pronunciado ahora hace algo más de tres años, gira en torno a tres grandes ideas: la promoción de la lectura como eje básico en torno al cual gira el desarrollo integral del ser humano; el papel que las bibliotecas, las escuelas, las familias y el Estado tienen en la consecución de ese objetivo; la caracterización de la biblioteca como espacio de conocimientos y libertades donde debe fraguarse el intelecto crítico de cada lector.



"Porque creo que si deseamos proporcionar a nuestros hijos las mejores posibilidades en la vida, si queremos abrirles las puertas a diversas oportunidades mientras son jóvenes y enseñarles las competencias que necesitarán para tener éxito más adelante, entonces una de nuestras más altas responsabilidades como ciudadanos, como educadores y como padres será asegurarnos de que cada niño norteamericano pueda leer, y pueda leer bien. La alfabetización es la divisa más fundamental en la economía del conocimiento en la que hoy vivimos". "La lectura" -insiste y remacha algo más adelante, sin titubeo alguno-, "es la competencia fundamental que hace el resto del aprendizaje posible, desde los problemas complejos con palabras y el significado de nuestra historia hasta los descubrimientos científicos y la excelencia tecnológica. Y, a propósito, es lo que se requieren para hacernos verdaderos ciudadanos", porque es cierto que hay que añadir la dimensión política de la lectura a su dimensión instrumental.



Una de las primeras decisiones que deberá ratificar su posición teórica será la de la cantidad destinada a financiar programas como el Improving Literacy through School Libraries, versión norteamericana de nuestras inexistentes bibliotecas escolares, fundamento indiscutible de la alfabetización infantil cuando la familia, sobre todo, no está en condiciones de proporcionar a sus hijos el capital cultural de partida necesario para que su trato con los libros tenga la familiaridad del que disfrutan los hijos de clases más acomodadas. Si hemos de creer en sus intenciones, vale la pena leer sus palabras: "los niños procedentes de familias con bajos salarios obtienen notas 27 puntos por debajo de la media de competencia lectora mientras que estudiantes de familias más acomodadas obtienen puntuaciones 15 veces por encima a la media. Mientras que solamente uno de cada doce jóvenes blancos de 17 años posee la competencia lectora suficiente para coger un periódico y entender la sección de ciencia, para los hispanos, la cifra es de 1 entre 50 y entre los afroamericanos de 1 entre 100".

sábado, setembro 06, 2008

O artigo abaixo pode ser acessado na integra no site
http://extralibris.org/revista/
veja em meus links ... a revista virtual é muito boa...

O esvaziamento do discurso ético na educação e atuação profissional em biblioteconomia

Patética: o esvaziamento do discurso ético na educação e atuação profissional em Biblioteconomia
Alex Sandre Lennine I. Mota; Eliane da Rocha.

Trabalho de conclusão de curso - bacharelado em Biblioteconomia; Faculdade de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FaBCI-FESPSP), 2004.


Resumo:

A Biblioteconomia brasileira, se não ignora de todo Ética, é certamente muito parcamente ciosa do assunto.

Ocupa-se dele consideravelmente pouco: quase não há disciplinas sobre tanto nos cursos de graduação, é ínfimo o acervo de livros e artigos em periódicos ocupados com tal e notadamente incipientes as atividades a seu respeito organizadas pelas instituições competentes.

Assim, também, quando procura instruir-se e formar estudantes e profissionais em Moral não atinge os objetivos almejados porque, a rigor, sequer está suficientemente preparada para lidar com o tema, em toda sua complexidade e peculiaridade. Ocorre que, então, seu discurso ético esteja repleto de problemas e sua atuação moral dê-se de modo muito limitado.

Para o estudo da moralidade e a orientação da conduta ética devemos ter claros diversos conceitos, responder a um certo conjunto de prerrogativas e reunir determinadas características cujo domínio não se efetiva rápida e facilmente. Incluem-se aí questões como as da liberdade, escolha e motivação; da autonomia (intelectual, psicológica e moral); da constituição de agentes de direitos e de deveres como sujeitos éticos; de fins e meios das ações; da derivação dos valores a partir dos fatos; dos obstáculos à ética (niilismo, relativismo, subjetivismo, emotivismo, egoísmo); das principais teorias morais atuais (conseqüencialismo, deontologia, teoria das virtudes); das diferenças reais e aparentes entre ética, moral e direito e da objetividade da ética na perspectiva do realismo moral, por exemplo.

Carecemos, igualmente, de ter resolvido questões anteriores ao dever, relativas ao ser, como os objetivos e princípios da Biblioteconomia enquanto área do conhecimento e atuação profissional, sua função social, em concordância aos direitos e deveres dos usuários de seus conhecimentos, técnicas e tecnologias e, em decorrência, dos direitos e deveres de seus estudiosos e profissionais.

Reconhecendo a premência do tema para a vida das pessoas e da sociedade e ensejando reverter o atual quadro de deseducação ética e atraso moral da área, temos como invariável e inadiável a adoção, pelos cursos de graduação do País, de disciplinas em Ética e Biblioteconomia, cuja uma proposta apresentamos.

terça-feira, agosto 26, 2008

TBC vai reabrir com Biblioteca Jenny K.Segall

Um projeto da Fundação Nacional de Artes (Funarte) pretende reabrir o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), palco da lendária companhia do empresário italiano Franco Zampari, um dos patronos da profissionalização do teatro nacional. Diferentemente de outras tentativas de reabertura - o TBC já fechou e reabriu pelo menos quatro vezes desde que deixou as mãos de Zampari, em 1964 -, a idéia da Funarte é manter somente a sala principal, de 370 lugares, para encenação de peças. Nos outros três espaços, ficaria a Biblioteca Jenny Klabin Segall, maior acervo especializado em artes do espetáculo do País, atualmente instalada no Museu Lasar Segall.



"As duas instituições serão valorizadas. A biblioteca procura um espaço nobre para que possa crescer e o TBC, com a importância que tem, simplesmente não pode ficar sem revitalização", disse o presidente da Funarte, Celso Frateschi. Após avaliação da Caixa Econômica Federal, finalizada há duas semanas, a fundação enviou proposta de compra do teatro a Magnólia do Lago Mendes Ferreira, proprietária do TBC desde 1982 - os valores, porém, não foram revelados. "A fundação está confiante de que o projeto terá sucesso. Trabalhamos com a expectativa de inauguração do TBC no final de 2009", disse Frateschi.



O projeto tem apoio do Ministério da Cultura, que está elaborando parecer jurídico para desvincular a biblioteca do museu, passando a administração para a Funarte. Caso o negócio se concretize, a nova configuração do TBC vai se aproximar do projeto original. "A Sala Assobradado servia para os ensaios, a Sala Porão era a marcenaria e a Sala Repertório, o guarda-roupas do teatro", explica Alberto Guzik, autor do livro ''TBC: Crônica de um Sonho'', que trata do primeiro período do teatro, entre 1948 e 1964.



Nessa época, foram levadas aos palcos do TBC 144 peças, vistas por quase 2 milhões de pessoas. Foi lá, no prédio tombado da Rua Major Diogo, na Bela Vista, em São Paulo, que despontaram carreiras de sucesso, como as de Cacilda Becker, Tônia Carrero e Paulo Autran. "O teatro pode se transformar em um centro de referência das artes cênicas, com o espaço que sempre teve para espetáculos e também para pesquisa, agora com a biblioteca", afirma Guzik.



A biblioteca hoje instalada no Museu Lasar Segall, na Vila Mariana, zona sul, tem um acervo de 2 mil periódicos - 200 deles ainda correntes - e 20 mil livros, entre outros itens, sobre teatro, ópera, dança, cinema, fotografia, rádio e televisão. O acervo ocupa uma área de 385 m². Percorrendo os corredores apertados da biblioteca, não é difícil encontrar raridades - em armários no setor de teatro, por exemplo, ficam cerca de 2.700 peças, muitas delas inéditas, originais e impressas em papel mimeografado. Também estão lá periódicos nacionais do início do século 20 - mais de 2 mil exemplares das revistas A Scena Muda, Cinearte e Fon-Fon, entre outras. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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Entidades pedem recriação da Secretaria Nacional do Livro


Entidades pedem recriação da Secretaria Nacional do Livro
Cultura e Mercado - 17/8/2008


Durante a abertura da Bienal Internacional do Livro de São Paulo, segundo maior evento do mercado editorial do mundo, realizada no dia 14, quinta-feira, no pavilhão de Exposições do Anhembi, a presidente da Câmara Brasileira do Livro, em nome de outras entidades ligadas ao setor, entregou ao ministro interino da Cultura, Juca Ferreira, um manifesto em que solicita a recriação da Secretaria Nacional do Livro.

A cerimônia de abertura foi prestigiada pelo governador José Serra, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, o senador Cristóvão Buarque, o secretário estadual de Educação, João Sayad, o secretário municipal de Educação, Alexandre Schneider, Abdala Jamil Abdala, presidente da Francal Feiras, e diversas autoridades.

A Secretaria Nacional do Livro, que substituiu o Instituto Nacional do Livro desmantelado no governo de Fernando Collor, foi extinta em 2003, deixando o mercado editorial brasileiro sem um órgão específico no poder público para endereçar suas demandas.

O manifesto prega que “é hora de reforçar a musculatura política, a organicidade administrativa, a capacidade gerencial e operativa deste setor fundamental para a construção da cidadania” (leia a íntegra abaixo).

César Antonio Molina, ministro da Cultura da Espanha, país homenageado nesta edição da Bienal do Livro de São Paulo, também participou da abertura e destacou, em seu discurso, os laços que unem a literatura de seu país com o Brasil, citando diversos autores brasileiros que fazem sucesso em terras espanholas.

Outro tema que recebeu bastante destaque na cerimônia, especialmente nos discursos de Serra e Kassab, foi a visita de 40 mil estudantes da rede pública estadual e municipal à Bienal a partir de segunda, dia 18. Além de transporte e lanche, cada criança vai receber um vale para adquirir livros no evento e, ainda, usufruir as atividades infanto-juvenis oferecidas por mais de 120 editoras que participam do projeto Ler é Minha Praia.

Realizada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e organizada pela Francal Feiras – uma das maiores promotoras de feiras de negócios do País -, a Bienal Internacional do Livro de São Paulo acontece até o dia 24 de agosto no Pavilhão de Exposições do Anhembi, com patrocínio de Volkswagen e Ipiranga, co-patrocínio do HSBC e Submarino, e apoio de Visa, Anhembi, Prefeitura da cidade de São Paulo e Ministério da Cultura.

“Manifesto ao Ministro da Cultura pela recriação da Secretaria Nacional do Livro

Nos últimos anos, notadamente a partir da criação do Plano Nacional do Livro e Leitura em 2006 pelos Ministérios da Cultura e o da Educação, o governo federal tem tomado medidas exemplares e efetivas para o desenvolvimento do livro e da leitura em nosso país.

Da desoneração fiscal em 2004 às campanhas do Ano Ibero-americano da Leitura – VIVALEITURA, que deflagraram o ciclo que estamos vivendo hoje, medidas se somaram como o Programa Mais Cultura do MinC e o PDE do MEC. No âmbito desses programas abrangentes de ambos os ministérios o setor do livro e da leitura estão fortemente contemplados, animando a todos que lutam há muitos anos para a transformação do Brasil num país de leitores.

Entre todas essas iniciativas, talvez as mais significativas estejam ocorrendo no âmbito do Ministério da Cultura e seu ambicioso e mais do que oportuno projeto de modernização de bibliotecas, de suprir todo município com pelo menos uma biblioteca pública, de criar milhares de pontos de leitura, de mudar o conceito da acessibilidade e programar a imprescindível mediação da leitura para a conquista de novos leitores.

Nós, profissionais da escrita, da edição e das livrarias, em seus vários segmentos abaixo-assinados, estamos juntos e apoiamos fortemente esse conjunto de iniciativas governamentais. No entanto, Senhor Ministro Interino da Cultura Juca Ferreira, há ainda tarefas fundamentais que precisam ser cumpridas pelo Estado e por este governo e, entre as sugestões já entregues ao MinC, tornamos público uma preocupação cada vez crescente e cuja solução recomendamos fortemente à Vossa Excelência.

Desmontado no governo Collor, o Instituto Nacional do Livro foi posteriormente substituído pela Secretaria Nacional do Livro, esta última também extinta em 2003 pelo MinC. Perderam o livro e a leitura a sua centralidade e visibilidade no centro do poder político do país e hoje, retomada a decisão política de fomentar o setor com objetivo maior da democratização do acesso à leitura, é hora de reforçar a musculatura política, a organicidade administrativa, a capacidade gerencial e operativa deste setor fundamental para a construção da cidadania, exemplo de transversalidade entre todas as formas de expressões culturais e artísticas.

É HORA DE RECRIAR A SECRETARIA NACIONAL DO LIVRO!!!

20ª. Bienal Internacional do Livro de São Paulo, 14 de agosto de 2008″.

segunda-feira, agosto 11, 2008

Importancia das bibliotecas escolares

REVISTA EDUCAÇÃO - EDIÇÃO 136

Mudança de hábito

Redes municipais começam a "acordar" para a importância das bibliotecas escolares e a promover ações sistêmicas


Em 2001, durante seu mestrado em letras, Rovílson José da Silva, então professor de língua e literatura da rede pública de Londrina/PR, começou a pesquisar como se dava a leitura literária nas primeiras séries do ensino fundamental. Notou que havia dessintonia entre o discurso que exaltava a leitura, e as práticas, mal estruturadas. E, mais do que isso, que não havia bibliotecas nas escolas. "Havia praticamente só salas de leitura, que têm caráter sazonal e podem ser desfeitas a qualquer momento", relembra.

A partir do ano seguinte, passou a coordenar o Projeto Bibliotecas Escolares: Palavras Andantes (título de uma obra de Eduardo Galeano sobre o cordel), encampado pela rede municipal. A proposta se assentava em cinco eixos: formação de professores; implantação de uma biblioteca em cada unidade escolar; ampliação do acervo; estímulo ao empréstimo de livros; realização da Hora do Conto Semanal.

Seis anos depois, 80 escolas da rede (90%) contam com bibliotecas e em torno de 140 professores receberam formação. Entre 2002 e 2006, o número de empréstimos feitos aos alunos cresceu nove vezes, passando de 72 mil a 640 mil, resultado de uma política que busca fazer com que o estudante tenha o maior contato possível com os livros.

Segundo Rovílson, apesar de os livros distribuídos pelo PNBE serem de boa qualidade, a questão das bibliotecas tem sido "empurrada com a barriga há mais de uma década". "É preciso que os municípios tenham isso em conta, que provejam as escolas."

Em sua experiência, viu que há um vácuo enorme entre discurso e práticas escolares, pois, se todos falam que ler é bom e importante, sinalizam outra coisa ao deixar que as bibliotecas, quando existem, sejam mal iluminadas e mal arejadas, além de não funcionarem em muitos horários. "Se ler pode ser um bom lazer, por que ficam fechadas em muitos horários, até mesmo no recreio?", questiona.

Rede interativa
Em São Bernardo do Campo/SP, um projeto que a princípio deveria contemplar cinco bibliotecas escolares acabou por se transformar numa rede com 73 bibliotecas, com projeção para se estender às 158 unidades de ensino fundamental, infantil e especial da secretaria municipal. A empreitada começou com um convênio com a USP para a constituição da Rede Escolar de Bibliotecas Interativas (Rebi). Com o processo de municipalização, a rede cresceu e as novas unidades passaram a solicitar as bibliotecas.


Alunos da Escola Municipal de Educação Básica Anísio Teixeira, em São Bernardo do Campo: ensino para a busca da informação
As unidades são modulares, adaptáveis ao espaço da escola, mas com um mesmo padrão. Têm, em média, 100 m2, área de leitura, espaço cênico (arquibancada com palco, espaço audiovisual (com aparelhos e periódicos), três computadores (um para o responsável, um para as crianças, um para a comunidade) e um acervo inicial de 3 mil títulos. O mobiliário, desenvolvido pela Faculdade de Arquitetura da USP, é colorido e feito sob medida para o tamanho dos alunos, variando de acordo com os usuários. A verba para construção e equipamentos é de R$ 150 mil, administrada pelas Associações de Pais e Mestres de cada escola.

A Rebi já nasceu com a proposta de não ter bibliotecários de ofício à frente das unidades. A secretaria optou por criar o cargo de professor de apoio à biblioteca escolar (Pabe) para as unidades. Esses professores têm, além da formação inicial, uma manhã por semana de formação contínua, além de apoio da equipe responsável (quatro bibliotecárias, uma orientadora pedagógica e 12 professores de referência).

Segundo Dalva Francheschetti, chefe da Seção de Bibliotecas Escolares da Secretaria de Educação, os professores de apoio trabalham a partir de quatro eixos: infoeducação (em que ensinam aos alunos os princípios dos principais códigos de biblioteconomia), cultura, leitura e memória. "Não queremos dizer que temos todo o saber, queremos ensinar a criança a usá-lo. Então, compomos um acervo básico e mostramos como procurar em outras fontes", explica Dalva, para quem a associação entre planejamento e projeto pedagógico é fundamental para mostrar como as informações estão organizadas.

Os protagonistas
Os professores de apoio são selecionados entre os docentes da rede interessados. Roberta Massaini, Pabe da EMEB Profa. Jandira Maria Casonato há dois anos, trabalhava como professora de educação especial em três escolas e candidatou-se para "respirar, fazer outra coisa". "O trabalho no Rebi mudou tudo. Ainda sou professora, mas agora tenho de lidar com outros docentes e seus alunos. O bom é que conheço todos os estudantes da escola. Antes, olhava apenas para os meus", diz.

Cláudia Strini, que atua como "Pabe Referência", também buscou o cargo para se reciclar. Depois de 17 anos como professora de educação infantil, achou que era hora de passar sua experiência para colegas mais jovens e aproveitar o conhecimento acumulado em sala e em seus anos de formação. Visita as bibliotecas a cada 15 dias para reuniões de acompanhamento e planejamento. "O que funciona bem é reunir os Pabes para trocar experiências. Eles começam a ver tudo que é possível fazer", conta.

Ônibus-biblioteca
Fora da escola, também há relatos de sucesso na conquista de novos leitores. É o caso do projeto "Leitura em Movimento", da Secretaria de Cultura de Campinas/SP, que busca levar opções a espaços da periferia em que não há escolas. Desde 2003, dois ônibus-biblioteca visitam 40 bairros. O público, em sua maioria, é composto por adultos e crianças. Os adolescentes são poucos, a não ser quando há o chamariz do hip-hop. Também entre os adultos é preciso começar com o universo próximo para depois passar à literatura.

"Eles começam de um lugar do ônibus, onde estão as coisas de culinária, de bordados, e depois vão avançando", conta Gláucia Mollo, ex-coordenadora de bibliotecas públicas e responsável pelo projeto. Ela ressalta a importância do empréstimo. "Nos bairros tidos como piores segundo o conceito geral, estão as pessoas que mais devolvem os livros. O interessante é que são os filhos que os retiram pelos pais", relata.

II Forum doPlano Internacional de Bibliotecas Públicas e I Seminario Internacional de Bibliotecas Públicas e Privadas

Tema: Biblioteca Viva!


Numa ação conjunta entre a Coordenação Executiva do Plano Nacional do Livro e da Leitura (Ministério da Cultura e da Educação) e Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo acontecerá o “II FORUM DO PLANO NACIONAL DO LIVRO E LEITURA e I SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE BIBLIOTECAS PÚBLICAS E COMUNITÁRIAS no período de 14 a 17 de agosto de 2008na cidade de São Paulo.

Essa iniciativa deveu-se ao fato da grande repercussão do lançamento em 2006 do Plano Nacional do Livro e Leitura, ocasião em que foi organizado o I Fórum Nacional do Livro e Leitura, na Bienal de São Paulo.

Transcorridos dois anos, observou-se um crescente e estimulante número de iniciativas de promoção e incentivo à leitura nas diversas regiões do país, que podem ser conhecidas no site www.pnll.gov.br

Assim, a organização do II Fórum tornou-se imprescindível para a integração de pessoas que aderiram ao desafio de disseminar a leitura no país, assim como para o fomento e acompanhamento de ações implementadas na área.

O evento ganhou nova dimensão, reunindo-se com o “I Seminário Internacional de Bibliotecas Públicas e Comunitárias” idealizado pela Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo.

Serão discutidos experiências nacionais e internacionais (Argentina, Chile, Colômbia) bem sucedidas na área de promoção, mediação e incentivo à leitura incluindo projetos de acessibilidade para pessoas com baixa visão e cegas.

Será um grande prazer poder nos reunir para trocar experiências, compartilhar novas idéias e formular novas propostas de trabalho conjuntas.



Objetivos:

Promover a discussão entre profissionais e interessados na promoção e incentivo à leitura, valorização das bibliotecas, disseminação da informação.


Fazer uma retrospectiva de dois anos do Plano Nacional do Livro e Leitura - PNLL, analisando avanços e dificuldades encontradas.

Estimular desenvolvimento das pessoas que organizam, planejam e prestam atendimento à população em equipamentos culturais.

Temáticas do Evento
• Fomento à leitura e formação de mediadores
• Democratização do acesso
• Valorização da leitura e comunicação
• Desenvolvimento da economia do livro
• Planejamento e organização de serviços aos usuários
• Bibliotecas e ação cultural
• Projetos de acessibilidade a pessoas com deficiência

segunda-feira, agosto 04, 2008

2º Seminário sobre Informação na Internet

O 2º Seminário sobre Informação na Internet aconteceu de 27 a 30 de julho de 2008, no Museu Nacional – Complexo Cultural da República. A promoção foi do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), e o tema central, “Internet: Conteúdos e Infodiversidade”. O evento é a segunda versão do seminário organizado em 2006 pelo Ibict, que contou com a participação de ilustres conferencistas nacionais e internacionais e alcançou significativo sucesso. Temas propostos para debate: WEB 2.0: mitos e limites; preservando a fronteira digital; gerenciando conteúdos na WEB; políticas nacionais de conteúdos digitais; informação governamental na Internet; inclusão digital e uso de informação.

2º Seminario sobre Informação na Internet - Brasilia

quinta-feira, maio 15, 2008

leitura na Biblioteca Escolar

ATIVIDADES DE INCENTIVO À LEITURA EM BIBLIOTECAS ESCOLARES
http://www.ced.ufsc.br/~ursula/papers/leitura.html
Araci Isaltina de Andrade
Universidade Federal de Santa Catarina/Departamento de Biblioteconomia e Documentação
Campus Universitário - Florianópolis - SC E-mail: araci@ced.ufsc.br
Ursula Blattmann
Universidade Federal de Santa Catarina/Departamento de Biblioteconomia e Documentação
Campus Universitário - Florianópolis - SC E-mail: ursula@ced.ufsc.br


RESUMO
Relata o projeto desenvolvido em 3 bibliotecas de escolas de ensino de 1º grau de Florianópolis. Objetivo centrado em desenvolver atividades de incentivo à leitura de forma integrada ao processo de ensino-aprendizagem. A revisão de literatura concentra-se sobre atividades de incentivo a leitura em bibliotecas escolares. Apresenta as atividades desenvolvidas com as crianças e professores das escolas. Os resultados mostram mudanças do corpo docente referente aos serviços prestados pela biblioteca e reconhecem a importância da biblioteca no incentivo da leitura.