terça-feira, julho 11, 2006

Biblioteca da PUC carioca integra pilotis em grande praça e cria varanda de leitura


Uma nova biblioteca deve mudar a cara e a vida do Campus da PUC carioca da Gávea (RJ), conjunto com projeto original de Edgar Fonseca que completa 51 anos no próximo dia 17 de julho. O pilotis do edifício Amizade, espécie de coração da universidade, terá um vizinho e fará parte de uma grande praça. É o que prevê o projeto do escritório paulista SPBR, chefiado pelo arquiteto Angelo Bucci, vencedor do concurso nacional organizado pela PUC carioca para a nova biblioteca da instituição. Um dos destaques do projeto é a varanda de leitura, com vistas para o Corcovado, o solar de Grandjean de Montigny e o edifício Marquês de São Vicente, de Affonso Eduardo Reidy.Organizado em abril, o concurso foi fechado - com cartas-convites enviadas a alguns escritórios - e dele participaram sete núcleos. Cada concorrente recebeu remuneração de R$ 5 mil para a participação e o projeto contratado será remunerado conforme tabela de honorários do IAB RJ. Alem do SPBR, formado por Bucci, Ciro Miguel, Juliana Braga e João Paulo Meirelles, foram convidados os escritórios de tradição e renome João Walter Toscano (SP), Indio da Costa (RJ) e Henrique Mindlin Arquitetos Associados (RJ), e "expoentes da jovem arquitetura carioca e paulista" (conforme documento da prória PUC), como DDG (RJ), Oficina de Arquitetos (RJ), Luis Felipe da Cunha e Silva (RJ) e o vencedor SPBR (SP).O resultado foi apresentado na última semana de junho, e o júri atribuiu menções honrosas às propostas dos escritórios DDG Arquitetura e João Walter Toscano. No ano passado, a PUC realizou pesquisa em quatro grandes bibliotecas para construir seu programa de necessidades distribuído aos concorrentes. Foram visitadas as bibliotecas universitárias de Leuvan, na Bélgica, de Tilburg, na Holanda e as romanas Salesiana e Vaticana. Anunciado o vencedor, a PUC deve contratar estudo preliminar e orçamentos sobre a obra, captar recursos, abrir licitação para a construção e, por fim, contratar a construtora. O escritório vencedor faz a supervisão técnica arquitetônica da obra. Depois de vencidas as etapas preparatórias, que têm duração muito variável, a construção propriamente dita poderá ser realizada em 12 meses, estima Bucci.Fundada há 66 anos, a PUC - que forma este ano a primeira turma de graduação em arquitetura e urbanismo - se mudou do Botafogo para a Gávea em 1955. O projeto inicial previa que uma das alas do edifício Amizade (ala Frings) deveria ser destinada à biblioteca central, com salas de leitura, armazéns, reservas técnicas. Nos últimos anos, a demanda por salas de aula e espaços administrativos restringiu o espaço da biblioteca a 50% do espaço dotado inicialmente. Hoje, o acervo isolado é de 250 mil livros. Há ainda cerca de 60 mil volumes distribuídos junto às áreas do público, estimado em 2.500 usuários por dia. O acesso ao acervo não é livre, pois parte dos livros está em depósito fora do Campus. Com um acréscimo estimado em 10 mil novos livros por ano, a acessibilidade fica cada vez mais comprometida.Projeto Uma grande varanda de leitura com vistas para o Corcovado, o morro Dois Irmãos, a Pedra da Gávea, o solar de Grandjean de Montigny e o edifício Marquês de São Vicente, de Afonso Eduardo Reidy, é um dos destaques do projeto de Bucci. Em área de 255 metros quadrados, a varanda é coberta e serve de lanterna de luz natural para o grande salão principal, com pé direito de 9 metros e área de 1.300 metros quadrados (15 metros de largura por 90 metros de comprimento)."O interessante desta empreitada da PUC é que vai dar uma cara para uma biblioteca existente, muito viva, mas que ainda não possui uma identidade própria no sentido arquitetônico e institucional", afirma Angelo Bucci.O projeto da biblioteca, que prevê 6.000 metros quadrados de área construída, se divide em dois programas dispostos em dois térreos: um para o acervo e as áreas administrativas, localizadas numa cota inferior do terreno, na rua dos Diretórios, e outro para a área de público, com praça e edifício, na cota do edifício Amizade. O acervo se distribui num retângulo de 1.216 metros quadrados, em torno do qual se localizam as áreas administrativas, que captam a luz natural e protegem o núcleo auxiliando o controle de temperatura e umidade.A área de público se inicia com a Praça da Biblioteca, projetada como extensão em nível do pilotis do edifício Amizade e a ser construída sobre a área de acervo, e prossegue no edifício em suas áreas de acolhimento, salão principal e áreas de estudo concentrado. Para este estudo concentrado, são destinados 1.330 metros quadrados, para abrigar as funções de trabalho dos usuários da biblioteca e a Cátedra Unesco- PUC Rio de Leitura, além de um auditório, sala de pesquisa, leitura individual, e uma área para exibições temporárias temáticas ou de coleções do acervo. Segundo o plano da PUC, serão instalados 800 terminais de computadores para os usuários da Biblioteca.Para a construção, serão demolidos pequenos galpões e construções improvisadas. Angelo Bucci já venceu dois notórios concursos: o do pavilhão do Brasil na Expo 92 de Sevilha, em conjunto com Alvaro Puntoni e José Osvaldo Vilela, e o Memorial à República de Piracicaba, com Puntoni, Pablo Hereñu, Eduardo Ferroni, Paula Cardoso e Ciro Miguel. Os dois prédios não foram erguidos."Internacionalmente os concursos de projeto são uma instituição que acompanha a atividade da arquitetura. No Brasil tivemos um período bastante silencioso no final de década de 70 e década de 80, quando os concursos praticamente deixaram de existir. Sevilha foi o primeiro grande concurso público nacional após aquele período. Desde então, os concursos aumentaram muito", diz Bucci.